sexta-feira, 30 de abril de 2010

Transa Gramatical

Dizem que essa redação foi feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Não sei se é verdade. Mas o texto é genial. É longo, mas leiam... não vão se arrepender.

Redação: Transa Gramatical

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice..
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Música: o Eclético

Você já deve ter conhecido alguém assim. Talvez você seja assim.

Quando vc pergunta ao eclético: Que tipo de música vc gosta?

A resposta é: Eu gosto de tudo!

Na minha opinião isso significa: eu não gosto de nada.

É impossível que alguém possa gostar de forró e ao mesmo tempo de blues, por exemplo.
O que acontece é que esse cara não deu atenção a nenhum dos dois gêneros. Ele simplesmente não ouviu verdadeiramente a música que estava tocando.

Se vc perguntar ao eclético qual o seu cantor/cantora/banda preferida ele vai te dar uma lista enorme, mas, desses cantores ele só conhece as músicas que tocaram no rádio ou na novela.

O Eclético não sabe quantos discos o artista preferido dele já lançou.
O Eclético não sabe o nome dos componentes da sua banda preferida ou o nome dos músicos que acompanham o seu cantor(a) preferido.
O Eclético não sabe quais músicas estão em quais álbuns.
O Eclético não sabe identificar o som do "baixo" em uma música.
O Eclético vai ao forró "só para dançar".
O Eclético só gosta das músicas antigas do fulano. Porque só ouviu as músicas do fulano enquanto tocava nos rádios.
O Eclético acha que o Slash é o melhor guitarrista do mundo.
O Eclético nunca comprou mais do que 10 CD's. Talvez nem 5.
O Eclético quando escuta CD (emprestado ou com mp3), fica repetindo só as músicas que ele conhece.
O Eclético vai para qualquer show, se a "galera" for.

Desculpe amigo Eclético, mas você não gosta de música.

Quando alguém te perguntar: Qual o tipo de música vc gosta... Seja sincero e responda: "eu não ligo muito para isso."

Por que eu escrevi isso?
Porque pertenço a uma outra categoria musical difícil de aturar: "O Metido". Sobre essa categoria vou postar outro dia.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

1001 Discos

Ainda no Brasil-il-il vi um livro chamado "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer".

Achei um blog onde tem a grande maioria desses discos para download. Uns eu já tinha, outros já conhecia e tem também umas porcarias.

Mas vale a pena conferir.

Confira:


1001 Discos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Várias Variáveis

Esse é o outro blog.
Outro porque eu e minha esposa, mantemos um blog que relata nossas experiências desde que nos mudamos do Brasil-il-il para o Canadá.

Sempre achei legal esse lance de escrever, mas nunca encontrei muitos motivos ou algo para dizer. O blog sobre o Canadá, me deu um motivo.

O problema é que à medida que comecei a escrever sobre o lance da imigração, comecei também a ter vontade de escrever sobre outras coisas. Porém, achei que seria um saco, alguém entrar em blog para ler sobre um determinado assunto e ter que ficar procurando no meio de um monte de post que não tem nada a ver.

Portanto, nesse blog vou escrever sobre tudo que passar pela minha cabeça que não tenha relação com o Canadá: música, livros, filmes, Flamengo, filhos, família, alegrias, tristezas e um monte de "etceteras"!

Como na minha cabeça não se passa muita coisa aproveitável, não imagino que esse blog venha a ter muitos leitores. Isso é ótimo, pois posso me colocar como um escritor "cult" e pouco compreendido.

Outro detalhe: qualquer referência à Humberto Gesinger, Jim Morrison, Eddie Vedder, Vinícus de Morais, Luís Fernando Veríssimo, Paulo Vinícius Coelho, Quentin Tarantino, Kevin Smith e outro monte de "eteceteras" é apenas uma mera homenagem.

See ya....